Vieira e Vieirinha
O CAIPIRÃO sexta-feira, dezembro 19th, 2014Rubens Vieira Marques (Vieira) nasceu em 20 de setembro de 1926, e Rubião Vieira (Vieirinha) nasceu em 26 de agosto de 1928, ambos em Itajobi, interior do estado de São Paulo.
Filhos de Bernardino Vieira Marques, nascido em Portugal, e Maria Gabriela de Jesus.
Bernardino chegou ao Brasil ainda mocinho, e casou-se com Maria Gabriela, com quem teve nove filhos, sendo cinco homens e quatro mulheres.
Vieira e Vieirinha cantam juntos desde muito crianças, sempre incentivados pelo pai. Cresceram junto com os primos-irmãos Zico e Zéca, e Liu e Léu. Não havia festas que eles não estivessem presentes, sempre cantando e dançando catíra.
Em 1949, conheceram a dupla Tonico e Tinoco, que passaram uns dias no sítio em que moravam, a convite do seu Bernardino. Tonico e Tinoco ao ouvirem os Irmãos Vieira cantar, gostou da dupla e os convidou para apresentações em conjunto nos cinemas da região. Os Irmãos Vieira, devido à timidez, no primeiro show em Catanduva, apresentaram-se de costas para a platéia. Então Tonico e Tinoco virava eles, e eles desviravam e ficavam de costas. Tinoco declara brincando que “os meninos começaram de costas pra arte”.
Tonico e Tinoco ofereceram de levá-los para a capital, mas eles ainda não tinham coragem de deixar o interior. Iniciava-se ali uma grande amizade entre as duas duplas. Durante o tempo em que ficaram no sítio da família, colocou na cabeça dos Irmãos Vieira que eles teriam que enfrentar. Aí começaram a se apresentar nas quermesses, nas festas, nos cinemas, nos auditórios, e nas rádios da região, onde em pouco tempo ficaram conhecidos nas redondezas.
No rádio iniciaram em 1948, em Novo Horizonte, na Rádio Novo Horizonte ZYS-9, onde cantavam todos os dias no Programa “O Viajante do Sertão”, com o nome de “Irmãos Vieira”. Depois transferiram-se para a Rádio Clube de Marília, onde permaneceram por dois anos com programa exclusivo patrocinado pelo refrigerante “Gentil”.
Em 1950, fizeram a campanha eleitoral de Getúlio Vargas, que foi o primeiro a lhes abrir as portas para o meio artístico. Depois do último comício na cidade de Duartina, ao descerem do trem com Getúlio, ele disse à dupla que se fosse eleito poderiam pedir o que quisessem. Getúlio se elegeu, e os Irmãos Vieira escreveram-lhe uma carta falando do sonho de cantar no Rio de Janeiro. Getúlio então lhes abriu as portas da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, mas a mãe deles não deixou eles irem, pois tinha medo do mar. Então pediram a Getúlio uma oportunidade em São Paulo, que os apresentou à Rádio Nacional de São Paulo. Viajaram com o telegrama de Getúlio no bolso. Tinoco foi esperá-los na estação da Luz e ficaram hospedados na casa de Tonico.
Estiveram três vezes na Rádio Nacional, na tentativa de conversar com o diretor da emissora, porém não foram atendidos. Tonico perguntou a eles, se haviam mostrado o telegrama de Getúlio, e eles disseram que não. Quando voltaram à Rádio com o telegrama na mão foram recebidos na hora. Então se apresentaram pela primeira vez naquela emissora no Programa “Alvorada Cabocla”, de Nhô Zé, em 1951, com o nome de “Vieira E Vieirinha”, que foi adotado por sugestão dos padrinhos Tonico e Tinoco.
Aí conseguiram um programa só deles: “Sertão na Cidade”, onde cantavam músicas de Tonico e Tinoco, Serrinha e Caboclinho, e músicas de autoria de Teddy Vieira e José Fortuna.
A Rádio Nacional foi a primeira moradia dos dois em São Paulo. Por alguns meses, dormiram no prédio da emissora. Ali eles cantaram de 1951 à 1954. Retornaram à emissora em 1958. Foram no total 25 anos de Rádio Nacional. De 1955 à 1958, atuaram no famoso Programa “Alma da Terra” da Rádio Tupi, às segundas, quartas e sextas-feiras, das 20:30 às 21:00 horas, o chamado horário nobre do rádio na época.
A dupla foi um exemplo de sucesso no rádio, antes de começarem a gravar disco. Muito diferente dos dias de hoje, naquela época o disco não era o canal direto que colocava as duplas em contato com o seu público, primeiro tinham que fazer o nome no rádio para depois gravarem.
Gravaram seu primeiro disco 78 rpm em 1953, pela Continental, com as músicas “O Canoeiro não morreu” e “Navo Londrina”.
Foram no total 32 discos 78 rpm. Em 1959 gravaram seu primeiro LP intitulado “Vieira e Vieirinha Apresentam Suas Modas”, onde reúnem alguns de seus sucessos gravados em 78 rpm.
A vendagem dos discos e os cachês dos shows renderam-lhe um bom dinheiro e, em 1960, resolveram voltar para o interior, por não se adaptarem à vida na cidade grande. Adquiriram um restaurante de beira de estrada e uma fazenda em Goiás de 1500 hectares comn escritura falsa. Perderam tudo e recomeçaram do zero.
Em 1963 lançaram o LP “A Volta de Vieira e Vieirinha”. Daí para frente foram inúmeros discos gravados, que totalizam aproximadamente 35, com os mais variados rítmos, mas a característica que mais marcou a dupla foi a dança da catíra que lhes rendeu o slogan de “Os maiores catireiros do Brasil”.
A dupla só veio a se desfazer com a morte de Vieirinha, ocorrida em 07 de abril de 1991.
Vieira se afastou da arte por algum tempo, e só voltou em 1996, quando gravou um disco com seu filho Ailton Estulano Vieira, com o nome de “Vieira e Vieira Jr.”, com quem permaneceu cantando, fazendo shows e se apresentando em programas de TVs.
Vieira faleceu em 09 de julho de 2001.
O maior sucesso da dupla foi sem dúvida “Garça branca”. Mas outras músicas também se destacaram, como: Transporte de Boiada, Cravo na Cinta, Rosas de Carne, Noite Serena, Silêncio do Berrante, Adeus Querida, Ladrão de Mulher, Recortado Paulista, entre outros.
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